Com os resultados das eleições municipais, grandes partidos perderam espaço em Minas Gerais. Desde a redemocratização, essa foi a primeira vez que nenhum partido elegeu mais de cem prefeitos no estado.
O MDB (antigo PMDB e considerado do Centrão) segue como a legenda que mais elegeu representantes no Executivo municipal entre as 853 cidades mineiras. Em 2020, foram 98 – 61 a menos que nas eleições de 2016, quando o partido fez 159 prefeitos.
O PSDB, que tinha 130 prefeituras no pleito passado, foi para 84. Os tucanos ficaram em segundo lugar, empatados como o DEM, que também elegeu 84 prefeitos – 32 a mais do que em 2016.
Já o PSD, partido do prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, aumentou de 54 para 78 prefeituras. Na sequência, aparece o PP, partido que teve 53 prefeitos em 2016 e 65 em 2020.
Nessas eleições, o PT seguiu em queda no estado, elegendo 26 representantes para o Executivo municipal – 13 a menos que em 2016. Até 2012, o partido era um dos que elegiam mais de cem prefeitos em Minas.
No segundo turno, o PT ainda pode eleger duas prefeitas: Marília Campos, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e Margarida Salomão, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
Os outros partidos que ainda podem conquistar prefeituras são DEM, PSC, PSDB, PSB, Solidariedade e PTB.
Configuração partidária do Executivo no Campo das Vertentes
Na macrorregião do Campo das Vertentes as eleições municipais de 2020 já terminaram e não há segundo turno. Os partidos que mais cresceram de 2016 para 2020 na macrorregião foram os Democratas e Patriota que, respectivamente, conquistaram 5 e 3 prefeituras.
Mantiveram-se estáveis o MDB, que perdeu um município de 2016 para 2020, e mantém 8 no total; PSL com 2 prefeituras; PTB com 3, e PSC, PL e PP com uma prefeitura cada.
O PSDB, PSD e PT caíram por aqui. PSDB caiu de 10 para 8 prefeituras de 2016 para 2020. PSD reduziu de 6 para 3 prefeituras, e o PT perdeu todas as prefeituras na macrorregião do Campo das Vertentes e não elegeu nenhum candidato ao Executivo.
Partidos | 2016 | 2018 |
PP | 1 | 1 |
Dem | 2 | 5 |
MDB | 9 | 8 |
Patriota | 0 | 3 |
PRTB | 0 | 1 |
PSB | 1 | 2 |
PSB | 1 | 2 |
PSC | 1 | 1 |
PL | 1 | 1 |
PSD | 6 | 3 |
PSB | 1 | 2 |
PSDB | 10 | 8 |
PSL | 2 | 2 |
PTB | 3 | 3 |
PT | 1 | 0 |
Tabela: Mais Vertentes / Fonte: TSE - 20/11/20.
Reeleitos
Dos quarenta municípios da macrorregião do Campo das Vertentes, 16 mantiveram os partidos de 2016 para 2020, e 12 prefeitos foram reeleitos.
Mulheres no Executivo
Minas teve 286 mulheres candidatas a prefeitas e mais de 26 mil a vereadoras. As candidaturas femininas totalizam apenas 32,83% do total, refletindo desigualdades sociais entre homens e mulheres.
Apesar de ser maioria do eleitorado brasileiro – 52,5%, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - as mulheres ainda são minoria absoluta tanto nos executivos quanto nos legislativos municipais. Apesar de avanços conquistados, inclusive na legislação eleitoral, ainda é pequeno o número de candidaturas femininas.
Na macrorregião do Campo das Vertentes apenas quatro mulheres assumem como prefeitas:
Centrão é maioria no Campo das Vertentes
O novo cenário político da macrorregião é de maioria dos partidos considerados Centrão. Atualmente, ele é formado por parlamentares do PP, Republicanos, Solidariedade e PTB. Este seria o “Centrão oficial”, mas, em certos momentos, são somados o PSD, MDB, DEM, PROS, PSC, Avante e Patriota.
A maior parte dessas legendas não tem uma atuação ideológica clara (apesar de serem classificadas como de centro e centro-direita em muitas ocasiões) e estão dispostas a negociar apoio ao Executivo em troca de cargos na administração pública.
Por conta disso, o Centrão é associado por muitos à “velha política” e ao fisiologismo – ou seja, a atuação visando ganhos dos partidos e dos políticos, independentemente de ideologias e do interesse público. Veja tabela no final da matéria!
Dez prefeitos eleitos em Minas, sendo dois das Vertentes, enfrentam pendências judiciais
Dez cidades mineiras elegeram prefeitos que ainda não podem comemorar a vitória nas urnas, obtidas no último domingo (15). Eles estão com a candidatura em análise pela Justiça Eleitoral, e aguardam decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) para que possam ser diplomados e assumir suas respectivas prefeituras (confira a relação das cidades ao final da reportagem).
Os motivos do indeferimento inicial das candidaturas vão de rejeição de contas pela câmaras municipais e improbidade administrativa a condenações criminais, suspensão dos direitos políticos e cassação de mandato.
Caso a decisão seja mantida, o que em alguns casos pode ser decidido ainda nesta semana, os eleitos têm a possibilidade de recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília (DF). Se a Corte mantiver o indeferimento, vão ser feitas novas eleições, já que o escolhido nas urnas não poderia ter sido candidato. Caso a decisão em última instância não tenha saído até 1º de janeiro de 2021, o presidente da Câmara Municipal assume interinamente o Executivo.
No Campo das Vertentes estão pendentes:
Antônio Carlos, por exemplo, Cristina (PDT) venceu com 45,41% dos votos. Ela foi prefeita por dois mandatos, de 2005 a 2012, e teve as contas rejeitadas pela Câmara Municipal por abertura de crédito orçamentário suplementar sem autorização legal em 2005, 2006 e 2012. O TRE-MG deve voltar a apreciar esse caso nesta quinta-feira (19). A defesa de Cristina argumenta que o Ministério Público de Minas Gerais arquivou o caso de 2005, por entender não ter havido improbidade, e que o órgão sequer pediu devolução ao erário dos atos relativos a 2006 e 2012, por não ter havido prejuízo.
Em Ibertioga, o Tatão (PSDB) teve sua candidatura indeferida em função da rejeição de contas pela Câmara Municipal. O caso foi remetido ao relator da corte do TRE-MG, e o julgamento ainda não foi marcado.
Demais cidades de Minas Gerais onde candidatos aguardam decisão do TRE-mG:
Mín. ° Máx. °